Nosso corpo é composto por vários órgãos e tecidos, sendo que cada um deles tem uma função determinada e especializada.
Esta especialização acontece durante a vida intra-uterina, quando as células começam a se dividir e dar origem aos diferentes órgãos como o cérebro, pulmão, fígado, rins, músculo, pele, etc. As células são pequenas unidades que compõem o tecido.
Dentro das células há uma codificação (no seu DNA) que faz com que elas “saibam” quem são e o que devem fazer. Ao crescer de maneira desordenada, essas células formam “massas” de tecidos anormais, que são chamados tumores. Um tumor pode ser BENIGNO ou MALIGNO.
Câncer é sinônimo de tumor maligno
A principal diferença entre um tumor maligno e benigno, é que no tumor maligno (o câncer), as células tumorais podem sair do tecido de origem e se espalhar pelo corpo, ocasionando o fenômeno da METÁSTASE.
O câncer, dessa maneira tem potencial de se disseminar pelo corpo, mas isso ocorre geralmente nas fases mais avançadas da doença. O tumor benigno é apenas uma alteração localizada no tecido, e não apresenta nenhum risco para o organismo no que se refere à formação de metástases.
Por esse motivo, sua taxa de cura é alta e geralmente o tratamento é uma cirurgia única. Como nosso organismo é formado por diferentes tipos de células e tecidos, os diferentes tipos de câncer correspondem ao tipo da célula doente.
Existem centenas de diferentes tipos de câncer, cada um com comportamento particular e tratamento específico. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pulmão, porque esse órgão é formada por mais de um tipo de célula.
De acordo com o tipo de tecido que acomete, o câncer pode receber denominações diferentes, como Carcinoma, quando acomete órgãos com tecidos epiteliais ou Sarcoma, quando acomete tecidos conjuntivo, como ossos, músculos ou cartilagens.
O que causa o câncer?
O câncer é uma doença de etiologia multifatorial. Isso significa que diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimento do câncer. Podemos dividir esses fatores em causas externas, causas internas e causas desconhecidas.
As causas externas são as mais conhecidas e estão relacionadas ao meio ambiente e aos hábitos de vida, alimentação e costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, ou seja, são genes ou conjunto de genes transmitidos de uma geração a outra.
Alguns tipos de câncer de mama, estômago e intestino parecem ter um forte componente familiar (hereditário), embora não se possa afastar a hipótese de exposição dos membros da família a uma causa comum.
Cerca de 80% dos cânceres estão associados a fatores ambientais. Alguns deles são bem conhecidos, como o cigarro, que se constitui no principal fator de risco ambiental e pode causar diversos tipos de câncer, como o de pulmão, boca, laringe e esôfago.
Outro fator ambiental bem conhecido é radiação ultravioleta solar, cuja exposição excessiva pode causar câncer de pele. O vírus HPV também é um importante fator ambiental por ser um agente causador de câncer de colo uterino.
O envelhecimento traz mudanças nas células que aumentam a sua suscetibilidade a se transformarem em células malignas. Isso, somado ao fato de as células das pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes fatores de risco para câncer, explica em parte o porquê de o câncer ser mais freqüente nas pessoas de maior idade .
O surgimento do câncer depende da intensidade e duração da exposição das células aos agentes causadores de câncer. Por exemplo, o risco de uma pessoa desenvolver câncer de pulmão é diretamente proporcional ao número de cigarros fumados por dia e ao número de anos que ela vem fumando.
Detalhes do processo de carcinogênese
Carcinogênese é o processo de transformação de um tecido normal em um tecido cancerígeno. Nossas células são formadas por três partes: a membrana celular, que é a parte mais externa; o citoplasma (o corpo da célula); e o núcleo, que contêm os cromossomas, que, por sua vez, são compostos de genes.
Os genes são arquivos que guardam e fornecem instruções para a organização das estruturas, formas e atividades das células no organismo.
Toda a informação genética encontra-se inscrita nos genes, numa “memória química” – o ácido desoxirribonucleico (DNA).
É através do DNA que os cromossomas passam as informações para o funcionamento da célula. Quando uma célula normal sofre alterações no DNA dos genes, ocorre o fenômeno de mutação genética.
A mutação genética
A mutação genética é um dos primeiros mecanismos no processo de formação do câncer. As células cujo material genético foi alterado passam a receber instruções erradas para as suas atividades. As células alteradas passam então a se comportar de forma anormal.
Quando essas alterações estão relacionadas ao processo de multiplicação celular, pode haver o desenvolvimento do câncer.
A partir daí, essas células multiplicam-se de maneira descontrolada, mais rapidamente do que as células normais do tecido à sua volta, formando “massas” (tumores) que crescem progressivamente, infiltrando os tecidos vizinhos.
Geralmente, têm capacidade para formar novos vasos sanguíneos que as nutrirão e manterão as atividades de crescimento descontrolado.
A seguir, essas células adquirem a capacidade de se desprender do tumor e de migrar através dos vasos sangüíneos ou linfáticos e, através desses, disseminar-se, chegando a órgãos distantes do local onde o tumor se iniciou, formando as metástases.
No local da metástase as células cancerosas vão substituindo as normais, fazendo com que o órgão acometido vá perdendo suas funções. Por exemplo, a invasão dos pulmões gera alterações respiratórias, a invasão do cérebro pode gerar dores de cabeça, convulsões, alterações da consciência etc.
O corpo passa então a sofrer com a presença desses novos tumores e o prejuízo nas funções dos órgãos.
Além disso as células tumorais produzem substâncias que alteram a fisiologia do nosso corpo, como a perda do apetite que leva ao emagrecimento.
Resumindo
O câncer é um tumor maligno, onde as células do nosso corpo perdem sua identidade e função e passam a crescer rapidamente e desordenadamente, invadindo as estruturas vizinhas e nas fases avançadas se espalhando pelo corpo, alterando o funcionamento dos órgãos e “roubando” energia do restante do organismo.
Texto – Dr. Marciano Anghinoni