A edição de fevereiro de 2021 da conceituada revista científica Lancet Gastroenterology and Hepatology apresenta um editorial com a pergunta Pancreatic câncer: state of emergency? (Câncer de Pâncreas: uma emergência?)
O artigo pontua que apesar de todos os avanços terapêuticos oncológicos nas últimas duas décadas, o tratamento do câncer de pâncreas não apresentou evolução significativa, e o prognóstico ainda continua desolador, com apenas 5 a 10% dos pacientes vivendo mais de 5 anos após o diagnóstico.
Um dos maiores problemas relacionados à baixa taxa de sobrevida, é o diagnóstico tardio da doença, já que muitos dos sintomas iniciais são inespecíficos, como a dor abdominal e lombar e a perda de peso. Esses sintomas são encontrados em diversas outras doenças e muitas vezes nem os profissionais de saúde desconfiam da doença e realizam uma investigação adequada. Os principais fatores de risco para o câncer de pâncreas são o tabagismo, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, o sedentarismo, a obesidade.
O diagnóstico precoce oferece a melhor chance de tratamento e a cirurgia ainda continua sendo o pilar central do tratamento, e a única modalidade capaz de oferecer cura. Nos pacientes candidatos a cirurgia, as terapias multimodais, como a quimioterapia antes ou após a cirurgias, e também a radioterapia, podem ser associadas, visando aumentar a taxa de controle da doença e a sobrevida.
Infelizmente não existem campanhas de rastreamento para essa doença na maioria dos países, mas acredita-se que nos próximos anos, exames laboratoriais, que têm sido chamados de biópsia líquida, possam detectar o câncer de pâncreas, além de outros tumores, em estágios bem iniciais. Enquanto isso, o alerta deve ser para as pessoas se conscientizarem sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Evitar o tabagismo, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, adotar um estilo de vida saudável combatendo a obesidade e realizar consultas médicas frequentes são importantes medidas no combate a esse tipo de câncer que é considerado um dos mais mortais.
O artigo finaliza alertando que se se faz necessário uma força tarefa global, com esforços concentrados e coordenados, com compartilhamento de conhecimento científico e a oferta do melhor tratamento possível aos pacientes. Somente dessa maneira conseguiremos mitigar os efeitos dessa emergência oncológica.