22/10/2025

Do bisturi ao robô: a nova era da cirurgia oncológica do aparelho digestivo

 

O pâncreas trabalha em silêncio, escondido no fundo do abdome. Talvez por isso o câncer de pâncreas tantas vezes chegue tarde — com sintomas que, no começo, parecem apenas “uma fase ruim”: indigestão persistente, dor nas costas de novo padrão, perda de apetite, emagrecimento sem explicação. Quando a avaliação demora, perdemos janelas importantes. Por isso, a regra que seguimos no consultório é simples: sintomas persistentes + fatores de risco pedem investigação agora. Com diagnóstico precoce, aumentam as chances de ressecção cirúrgica, que ainda é a via com maior potencial de controle da doença.

No meu dia a dia em Curitiba, o caminho começa por uma boa conversa e exames de imagem de qualidade. A decisão não é de um único médico; nasce de uma reunião multidisciplinar — cirurgia HPB, oncologia clínica, radiologia, endoscopia,radiologia intervencionista. É assim que escolhemos a ordem certa: cirurgia primeiro? quimioterapia neoadjuvante antes? tratamento sistêmico primário? Direcionar bem na largada muda o final.

 

Sinais que não podem ser normalizados

  • Icterícia (pele/olhos amarelados), urina escura, fezes claras
  • Dor abdominal que irradia para as costas, náusea, indigestão que insiste
  • Perda de peso, falta de apetite, cansaço fora do padrão
  • Diabetes recente em adulto sem excesso de peso

Persistência é a palavra-chave. Se o corpo mudou de padrão e não voltou ao normal, investigue.

 

Como conduzimos a investigação (na prática)

  1. Tomografia e/ou ressonância para estadiar, avaliar relação do tumor com vasos e definir ressecabilidade.
  2. Ultrassom endoscópico para detalhar e, quando indicado, biópsia com precisão.
  3. Reunião de equipe para decidir a sequência: operar, fazer neoadjuvância ou tratamento sistêmico primeiro — sem atalhos.

Quando a cirurgia entra — e o papel da via robótica

Em tumores ressecáveis ou borderline (limítrofes), a pancreatectomia é a principal chance de controle. A escolha da via (aberta, laparoscópica, robótica) é técnica, não ideológica. A cirurgia robótica pode agregar visão 3D ampliada, precisão em planos profundos atrás do estômago e suturas delicadas em estruturas nobres, com potencial de menor perda sanguínea, dor mais controlada e recuperação mais previsível — quando o caso é adequado e em centros experientes. Se a anatomia, o volume tumoral ou a segurança oncológica pedirem a via aberta, é por ela que vamos. O objetivo é o melhor resultado oncológico e funcional, não “fazer robô”.

Robótica x via aberta (o que costuma mudar)

  • Campo e precisão: 3D ampliado e instrumentos articulados ajudam na dissecção e nas anastomoses.
  • Trauma de parede: incisões menores favorecem dor e mobilização precoce.
  • Consistência do gesto: ergonomia reduz fadiga em cirurgias longas.
  • Conversão: se necessária, é decisão de segurança, não fracasso.

O que diferencia a nossa forma de cuidar

 

Seleção criteriosa de casos

  • Revisamos imagens (TC/RM) com foco em relação vascular e plano oncológico.
  • Se a via robótica não agrega no seu contexto, não indicamos.

Discussão multidisciplinar de verdade

  • Reuniões semanais com cirurgiões especialistas, oncologia clínica, radiologia e endoscopia.
  • Plano claro: objetivo oncológico, sequência terapêutica e critérios de resposta.

Equipe dedicada ao aparelho digestivo

  • Experiência diária em pâncreas, fígado e vias biliares.
  • Checklists, padronização de passos críticos e revisão de casos (o que chamamos de consistência de gesto).

Hospitais de referência em Curitiba

  • Plataformas robóticas atualizadas, UTI preparada, hemodinâmica e endoscopia avançada.
  • Estrutura que sustenta segurança do pré ao pós-operatório.

Protocolos hospitalares e ERAS

  • Analgesia multimodal, prevenção de náusea, mobilização precoce e nutrição programada.
  • Metas do dia 0 até a alta; redução de complicações e retorno mais previsível.

Um exemplo real de jornada (anônimo)

Homem de 64 anos, ex-tabagista, com icterícia há poucos dias. Tomografia inicial sugeriu tumor de cabeça de pâncreas ressecável. Realizamos ultrassom endoscópico com biópsia e apresentamos o caso na discussão multidisciplinar. A equipe alinhou pancreatectomia como primeiro passo. Optamos por abordagem minimamente invasiva/robótica pela anatomia favorável e necessidade de suturas precisas. Resultado: margens adequadas, dor controlada, alta precoce e início oportuno do tratamento complementar. Poderia ser aberta? Sim. Por que robótica? Porque, neste contexto, aumentou a precisão sem comprometer o plano oncológico.

Perguntas que costumo responder

  • “Robótica elimina a necessidade de quimioterapia?” Não. A via de acesso não substitui o tratamento sistêmico quando indicado.
  • “Se o tumor for borderline, dá para operar direto?” Em muitos casos, neoadjuvância melhora condições de ressecção. Decidimos em equipe.
  • “E se precisar converter para aberta?” Convertendo, seguimos com segurança e propósito oncológico intacto.

Do pré ao pós: o que esperar

  • Pré-operatório: otimização clínica (glicemia, nutrição), cessação do tabagismo, fisioterapia respiratória.
  • Dia da cirurgia: antibiótico profilático, aquecimento ativo, checklist e metas do procedimento.
  • Pós-imediato: dor sob controle, mobilização precoce, retomada gradual da dieta; vigilância de fístula e sangramento.
  • Seguimento: anatomopatológico, discussão de próximos passos e calendário de acompanhamento.

Mensagem central: no câncer de pâncreas, tempo é tratamento. Agir cedo, com imagens de qualidade e equipe experiente, muda a história.

Quando procurar avaliação agora

  • Icterícia recente, emagrecimento sem explicação, dor que não se parece com as dores antigas.
  • Diabetes de início recente em adulto sem ganho de peso.
  • Histórico familiar importante ou combinação de fatores de risco (tabagismo, pancreatite crônica, obesidade).

Este conteúdo é informativo e não substitui consulta. As decisões devem ser individualizadas.
Se você está investigando um nódulo pancreático ou recebeu um diagnóstico recente, minha equipe em Curitiba pode revisar seus exames, discutir opções (incluindo a via robótica quando indicada) e organizar o melhor plano para o seu caso.

 

 

Em medicina, tecnologia só faz sentido quando melhora o que importa para o paciente: segurança, e recuperação pós-operatória. A cirurgia robótica integrou meu arsenal terapêutico assim — como uma ferramenta a mais para tratar tumores do aparelho digestivo com precisão e melhores, menor trauma e melhores resultados.  Não é “robô operando sozinho”. É o cirurgião no controle, com visão ampliada em 3D  e alta definição e instrumentos respondem ao comando total do cirurgião, porém com estabilidade e precisão, que a mão, às vezes, não alcança.

No consultório, a conversa começa com uma avaliação criteriosa: vale a pena no seu caso? Nem todo tumor se beneficia da via robótica. Em alguns, a cirurgia aberta será a melhor rota. Em outros, a laparoscopia já resolve muito bem. O ganho está em selecionar com critério.

 

Robótica x cirurgia aberta: o que muda na prática

  • Campo de visão: a robótica oferece imagem 3D ampliada e estável; na aberta, a visão é direta, porém com profundidade e iluminação dependentes do campo operatório.
  • Precisão de movimentos: braços robóticos com articulações que imitam o punho facilitam suturas e dissecções profundas (pélvis estreita, retroperitônio, segmentos posteriores do fígado).
  • Trauma de parede abdominal: incisões menores tendem a significar menos dor e recuperação mais previsível quando a robótica é bem indicada.
  • Ergonomia do cirurgião: menos fadiga em procedimentos longos — um detalhe que, na prática, melhora a performance do cirurgião e a consistência do ato cirúrgico.
  • Tempo de internação e retorno às atividades: frequentemente mais curtos quando a complexidade do caso casa bem com a via minimamente invasiva.

Não existe “melhor via” universal. Existe a melhor via para o seu caso, no seu corpo, com a sua história clínica.

 

Onde a robótica costuma agregar nos tumores digestivos

  • Reto e cólon distal: dissecação pélvica fina, respeito a nervos e planos, especialmente em pélvis estreita.
  • Fígado (segmentos posteriores e profundos): maior precisão em parênquima delicado e suturas vasculares.
  • Pâncreas (pancreatectomias selecionadas): planos profundos atrás do estômago com suturas delicadas.
  • Estômago e esôfago  (em casos selecioandos): linfadenectomia sistematizada e reconstruções precisas.
  • Vias biliares: reconstruções com pontos finos em espaços restritos.

Quando a cirurgia aberta segue sendo a melhor escolha

  • Tumores muito volumosos, invasão vascular complexa ou necessidade de reconstruções extensas.
  • Situações em que o tempo é crítico (emergências) ou quando a anatomia/condições clínicas não favorecem o pneumoperitônio.
  • Falta de benefício claro da via robótica em relação às alternativas.
    Nesses cenários, indicamos aberta sem — porque o objetivo não é “fazer por via robótica”, é fazer o melhor.

Como atuamos no nosso grupo em Curitiba

 

1) Seleção criteriosa dos casos

Antes de falar em sala cirúrgica, revemos história clínica, comorbidades, imagens de qualidade (TC/RM) e metas oncológicas. Se a robótica não vai mudar o desfecho ou trazer benefício concreto, não indicamos.

2) Discussão multidisciplinar verdadeira

Cada caso oncológico é apresentado numa reunião de equipe com cirurgiões dedicados ao aparelho digestivo, oncologia clínica, radiologia, endoscopia e, quando preciso, radiologia intervencionista e hepatologia. Isso organiza ordem de tratamentos (cirurgia primeiro? neoadjuvância?) e alinhamento de expectativas.

3) Equipe cirúrgica dedicada ao câncer do aparelho digestivo

Time com prática diária em HPB (fígado, pâncreas, vias biliares), estômago e colorretal. Rotina de checklists, padronização de passos críticos e revisão de casos — o que chamamos de “consistência de gesto”.

4) Hospitais de referência em Curitiba

Atuação nos melhores hospitais da cidade, com plataformas robóticas atualizadas, UTI preparada para pós-operatório oncológico e suporte de hemodinâmica e endoscopia avançada. Estrutura importa — especialmente quando tudo precisa dar certo do começo ao fim.

5) Protocolos de recuperação acelerada (ERAS)

Analgesia multimodal, cuidado com náusea, mobilização precoce, nutrição planejada, metas do dia 0 ao dia da alta. ERAS não é moda: é logística de recuperação.

Um exemplo que ajuda a visualizar

Homem de 64 anos, tumor de reto médio, pelve estreita, comorbidades controladas. Após quimioterapia neoadjuvante, reavaliamos a resposta. A dissecção robótica permitiu respeitar nervos pélvicos, manter continência e função sexual, com margens oncológicas adequadas. Internação curta, dor controlada e retorno planejado à rotina. Poderia ser aberta? Sim. Por que robótica? Porque, neste contexto, a tecnologia agregou precisão em um espaço profundo e estreito, com impacto funcional.

Perguntas que costumo responder no consultório

  • “Robô é sempre menos dolorido?” Em muitos casos, sim — mas o que define dor e alta é complexidade do procedimento, tempo operatório, técnica e protocolo de analgesia.
  • “Se eu fizer robótica, não preciso de quimioterapia?” Se a doença indicar quimioterapia, a via de acesso não muda essa decisão. Ela ajuda na qualidade da cirurgia e na recuperação, mas o plano oncológico é maior do que a via.
  • “E se no meio da operação precisar converter para aberta?” A conversão é uma decisão de segurança, não um “fracasso”. Fazemos quando aumenta a segurança oncológica e do paciente.

O que esperar do pré ao pós

  • Antes da cirurgia: otimização clínica (nutrição, glicemia, cessação do tabagismo), revisão de imagens e simulação de passos críticos.
  • No dia: anestesia planejada, antibiótico profilático, aquecimento ativo, checklist.
  • Depois: acordar sem dor intensa, mobilizar cedo, retomar líquidos/alimentação conforme protocolo, metas diárias claras até a alta.
  • Seguimento: revisão de anatomopatológico, discussão de próximos passos e calendário de acompanhamento.

Ponto-chave: robótica não substitui indicação, planejamento e técnica. É o como — não o por quê.

Para quem está decidindo agora

Se você recebeu indicação cirúrgica para um tumor do aparelho digestivo, vale trazer três perguntas para a consulta:

  • Qual é o objetivo oncológico principal da minha cirurgia? (margens? linfonodos? preservação de função?)
  • A via robótica muda algo importante para mim? (precisão em planos profundos, dor, recuperação)
  • A equipe e o hospital têm experiência e estrutura para o meu caso? (plataforma, assistência, UTI, ERAS)

A melhor decisão nasce do encaixe entre indicação, técnica e contexto. Muitas vezes a robótica será o caminho. Outras, a aberta continuará sendo a rainha do tabuleiro. A diferença está em saber por quê.

Aviso: este conteúdo é informativo e não substitui consulta. A via cirúrgica deve ser definida após avaliação individual e discussão com sua equipe.

Se você está avaliando cirurgia para um tumor do aparelho digestivo e quer discutir se a via robótica faz sentido no seu caso, minha equipe em Curitiba pode revisar exames e alinhar um plano com você.

 

 

 

 

Sou o Dr. Marciano Anghinoni

Cirurgião oncológico com formação complementar focada no tratamento do câncer do aparelho digestivo, além de tumores do retroperitônio e das neoplasias peritoneais.

Atuo dentro de grupos de excelência no tratamento oncológico em Curitiba/PR.

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Como posso te ajudar?

O tratamento do câncer exige agilidade e uma abordagem individualizada.

Meu foco de atuação é o tratamento dos tumores do aparelho digestivo, peritônio e retroperitônio. Após uma consulta humanizada, cada caso é discutido em uma reunião multidisciplinar com vários especialistas, uma tendência mundial que se reflete em melhores resultados e maior chance de cura. Quando uma cirurgia é indicada, realizo os procedimentos por via laparotômica (cirurgia aberta), laparoscópica ou robótica, de acordo com o caso e a indicação. Faço parte de uma equipe de cirurgiões especialistas focados no tratamento do câncer digestivo, que atua nos melhores e mais conceituados hospitais de Curitiba.

Meu consultório fica em Curitiba no Centro de Oncologia do Paraná, local de fácil acesso e um dos mais bem conceituados centros de tratamentos oncológicos do Brasil.

Faço parte do corpo clínico dos principais hospitais de Curitiba, onde realizo cirurgias oncológicas do aparelho digestivo por via convencional, laparoscópica e robótica.

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