22/10/2025

Do bisturi ao robô: a nova era da cirurgia oncológica do aparelho digestivo

No consultório, há uma cena que se repete. Alguém com menos de 45 anos entra, pede desculpas pelo assunto “constrangedor” e diz: “Doutor, deve ser hemorroida”. Às vezes é mesmo. Mas, quando o sangramento nas fezes persiste por semanas, quando o intestino muda de ritmo de forma contínua e quando aparece anemia sem explicação, eu prefiro não apostar na sorte. Nesses cenários, investigar cedo costuma ser a decisão mais segura.

Na minha consulta, começo pela conversa — história familiar, rotina intestinal, hábitos, medicações. Exames complementares podem entrar na sequência, mas quero deixar claro desde o início: a colonoscopia continua sendo o principal método de rastreamento do câncer colorretal. Existem métodos alternativos, como o teste imunológico fecal (capaz de detectar pequenas quantidades de sangue nas fezes), que podem ser úteis em determinados contextos. Porém, quando falamos de prevenção efetiva, a colonoscopia tem uma vantagem decisiva: além de visualizar o intestino grosso por dentro, permite retirar pólipos no mesmo ato, interrompendo a evolução de lesões precursoras.

 

Um caso que ilustra

Recentemente, avaliei uma professora de 42 anos com anemia persistente e alternância entre prisão de ventre e fezes amolecidas. Pelo conjunto de sintomas e histórico, optamos por colonoscopia direta. O exame encontrou um pólipo intestinal que foi removido durante o exame. Recuperação tranquila e um plano claro de acompanhamento. É assim que a prevenção deixa de ser conceito e vira resultado. Mas muitas vezes, a colonoscopia pode revelar um câncer instalado, e aí entra o cirurgião especialista para definir a melhor conduta.

 

Sinais que não podem ser ignorados

  • Sangue nas fezes, mesmo esporádico
  • Mudança persistente do hábito intestinal (3–4 semanas)
  • Anemia sem causa aparente, cansaço fora do padrão
  • Perda de peso involuntária
  • Dor abdominal contínua ou sensação de evacuação incompleta

Hemorroida existe, claro — mas não explica tudo. Persistência é o que muda a história.

 

A colonoscopia assusta pela sua má fama, não pelo que realmente ela é. Quando bem indicada, é um exame seguro, realizado com sedação, que não apenas “mostra” como age. Se o achado for um pólipo, ele pode ser retirado. Se houver inflamações, sangramentos ou lesões, conseguimos documentar, tratar e planejar com precisão. Para muitas pessoas de baixo risco, a colonoscopia programada em intervalos definidos é o que, de fato, reduz incidência e mortalidade por câncer colorretal.

 

Rastreamento na prática (o que costumo fazer)

  • Principal método (padrão-ouro): colonoscopia em intervalos definidos pela idade, história familiar, pólipos prévios e achados anteriores.
  • Métodos alternativos: teste imunológico fecal pode ser útil quando a colonoscopia não é possível naquele momento; se vier alterado, a próxima etapa costuma ser colonoscopia.
  • Após retirada de pólipo: o intervalo da próxima colonoscopia depende de tipo, número e tamanho do pólipo (seguimos recomendações de sociedades científicas).

 

Quando diagnosticamos cedo, muita coisa muda. Lesões iniciais podem ser tratadas por endoscopia; tumores localizados, quando precisam de cirurgia, muitas vezes permitem abordagem minimamente invasiva ou robótica, com menos dor, menor perda sanguínea e alta mais rápida — desde que indicadas no contexto certo. Em Curitiba, trabalho com protocolos de recuperação acelerada (ERAS), que organizam analgesia, nutrição e mobilização para que a volta às atividades seja mais previsível.

 

“É hora de marcar?” — três perguntas simples

  • O sangramento parou completamente? Se não, por quanto tempo persiste?
  • Seu intestino mudou de padrão (e permaneceu diferente por semanas)?
  • Há história familiar de pólipos avançados ou câncer de intestino?

Se duas respostas incomodam, vale conversar. E conversar não é, obrigatoriamente, sair pedindo uma lista de exames: é organizar a investigação e decidir quando a colonoscopia entra — muitas vezes, já como primeira escolha.

Também olho sempre para o entorno. O intestino tem suas rotinas; ele não viroutro de um dia para o outro. Dormir melhor, comer fibras com regularidade (verduras, frutas, cereais integrais), beber água ao longo do dia, praticar atividade física e parar de fumar não substituem exame, mas dão menos terreno para que problemas se instalem. É o simples que funciona — e o simples exige constância.

 

Para fechar, sem alarde e sem atraso

Falar de câncer colorretal antes dos 50 não é causar pânico; é tratar o tema com maturidade. A colonoscopia segue sendo a espinha dorsal do rastreamento, porque previne e diagnostica. Métodos alternativos podem ajudar em situações específicas, mas, quando pensamos em impacto real, a via endoscópica é a que muda a curva.

Nota: este texto é educativo e não substitui uma consulta médica. Cada caso tem nuances e deve ser avaliado individualmente.
Se você tem sintomas persistentes ou dúvidas sobre quando realizar colonoscopia, ou se conhece alguém que busca um tratamento especializado para o câncer do intestino grosso, posso  realizar uma avaliação e ajudar com uma abordagem personalizada.

Sou o Dr. Marciano Anghinoni

Cirurgião oncológico com formação complementar focada no tratamento do câncer do aparelho digestivo, além de tumores do retroperitônio e das neoplasias peritoneais.

Atuo dentro de grupos de excelência no tratamento oncológico em Curitiba/PR.

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Como posso te ajudar?

O tratamento do câncer exige agilidade e uma abordagem individualizada.

Meu foco de atuação é o tratamento dos tumores do aparelho digestivo, peritônio e retroperitônio. Após uma consulta humanizada, cada caso é discutido em uma reunião multidisciplinar com vários especialistas, uma tendência mundial que se reflete em melhores resultados e maior chance de cura. Quando uma cirurgia é indicada, realizo os procedimentos por via laparotômica (cirurgia aberta), laparoscópica ou robótica, de acordo com o caso e a indicação. Faço parte de uma equipe de cirurgiões especialistas focados no tratamento do câncer digestivo, que atua nos melhores e mais conceituados hospitais de Curitiba.

Meu consultório fica em Curitiba no Centro de Oncologia do Paraná, local de fácil acesso e um dos mais bem conceituados centros de tratamentos oncológicos do Brasil.

Faço parte do corpo clínico dos principais hospitais de Curitiba, onde realizo cirurgias oncológicas do aparelho digestivo por via convencional, laparoscópica e robótica.

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